Olá, psi! Eu sou a psicóloga Luiza Aguiar e este é o podcast “Ansiedade em foco”. Semanalmente, eu e um convidado informamos como a ansiedade pode ser tratada por diferentes profissionais da saúde, de maneira individual ou colaborativa.
O foco deste episódio é a prevenção de suicídio porque ontem, dia 10 de agosto, foi comemorado o dia mundial de prevenção do suicídio. A convidada é a psicóloga Gardênia Pereira (CRP 04/49264). Ela tem graduação pela Centro Universitário Una, é especialista em Neuropsicologia e atua na area clínica há 07 anos, desde que se formou.
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– Luiza: Onde você está, Gardênia?
– Gardênia: Estou em Sabará, Minas Gerais. Atuo aqui com atendimentos em psicoterapia e avaliação neuropsicológica presenciais e online.
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– Luiza: Você pode contar mais sobre o seu trabalho e como você identifica a ansiedade nos seus clientes?
– Gardênia: Atualmente trabalho com psicoterapia de crianças acima de 06 anos, adolescentes e adultos. Eu também ofereço o serviço de avaliação neuropsicológica, que pode ser feito tanto separadamente como um auxílio para o processo terapêutico, ou seja, não necessariamente precisa ser meu paciente para realizar uma avaliação. A ansiedade, infelizmente, hoje tem um espaço muito grande na vida das pessoas de todas as idades. Geralmente, na primeira sessão, quando faço a anamnese inicial, eu faço algumas perguntas mais direcionadas sobre o estado atual daquela pessoa. Caso seja necessário, eu aplico algumas escalas como um instrumento complementar para analisar alguns dados. E a partir disso vou trabalhando na melhor conduta: se é criança, primeiro venho com uma base para que ela entenda o que é aquele sentimento, como ele aparece e vou trabalhando a regulação emocional nesse sentido. Em adultos, eu consigo ser mais direta, apontar alguma situação e trabalhar em cima dela.
– Luiza: Quais são os principais desafios que você vê no seu trabalho quando se trata da ansiedade?
– Gardênia: Talvez o conflito que o paciente tem entre a vontade de fazer diferente com o mundo acelerado que vivemos e as variáveis da vida (sociais e econômicas). Às vezes o paciente ansioso carrega com ele essa vontade de mudar o comportamento, mas é engolido por questões do dia-a-dia. Isso nos exige um jogo de cintura maior, de entender as possibilidades e trabalhar em cima delas. São variáveis que precisam ser levadas em conta e isso pode nos trazer um desafio maior na clínica.
– Luiza: Você pode contar um pouco sobre um atendimento que te marcou?
– Gardênia: Todos os atendimentos nos marcam de alguma maneira e não estou sendo clichê em dizer isso. De fato eles nos marcam. Mas eu acho que consigo lembrar não de um atendimento em si, mas do pós, aquele momento em que o paciente reconhece o caminho que ele fez até determinado momento e consegue identificar o papel da psicoterapia na superação de alguma crise depressiva ou ansiosa, isso para mim é quando eu consigo respirar aliviada e pensar: pronto, estamos no caminho. Eu já ouvi alguma vezes “se não fosse por você, não estaria aqui hoje” e claro que reconheço meu papel e o papel da psicologia nessa superação, mas eu gosto sempre de lembrar que somos um time, eu e o paciente juntos, e que o papel dele é tão indispensável quanto o meu.
– Luiza: Existem mitos comuns sobre a prevenção de suicídio que você gostaria de esclarecer?
– Gardênia: Acredito que o maior de todos seja que “quem quer dar fim à própria vida, dá” e não é bem assim, ou até mesmo “quem quer morrer não dá sinais”. Quando a gente fala de suicídio, é importante falar sobre o fato de que a pessoa quer acabar com aquele sofrimento intenso que a acompanha, aquela dor que parece ser irremediável. E outra coisa, as pessoas dão sinais, e de certa maneira, isso é um pedido de ajuda. O sofrimento psíquico dessa pessoa, geralmente, é grande demais, pesado demais, e muitas vezes nem ela consegue enxergar que pode ser ajudada.
– Luiza: Quais são algumas das estratégias mais eficazes que você utiliza para ajudar as pessoas a reduzirem a ansiedade?
– Gardênia: Para crianças eu utilizo a psicoeducação, técnicas de regulação emocional de forma que eles consigam visualizar e aplicar isso no dia a dia, em casa ou na escola. Com adultos, além da psicoeducação e regulação emocional, eu tenho investido muito na escrita terapêutica e tem dado muito certo. Acredito muito na escrita como maneira de expressar, visualizar e organizar os pensamentos e se movimentar para a mudança. Geralmente uso alguns recursos ou técnicas cognitivas mesmo: questionar os pensamentos automáticos e racionalizá-los de maneira escrita, para que fique mais visual e palpável e tenho tido resultados muito bons. Foi por conta disso que criei o Guia Anual de Escrita Terapêutica, uma forma de acompanhar e estimular o paciente a escrever, a questionar os pensamentos, a se expressar melhor. Hoje eu sei que pode ter começado com meus pacientes, mas que essa parte do meu trabalho impacta a vida de muitas pessoas.
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– Luiza: Você acredita que diferentes profissionais de saúde podem contribuir com a redução da ansiedade?
– Gardênia: Tem uma frase que escutei na época da graduação e eu não esqueci que é: “a psicologia não se faz sozinha”. Isso é muito real e importante lembrar todos os dias. Nós, psicólogos e profissionais da saúde em geral, temos que levar em consideração que o indivíduo é feito de muitas camadas, então nem sempre vamos suprir todas as necessidades daquele cliente/paciente. O que é preciso da nossa parte é saber trabalhar em rede, ter uma visão sistêmica das variáveis que afetam aquela pessoa. É entender qual serviço ela pode procurar para auxiliar determinada questão, é importante dizer que é nosso papel compreender a rede, tanto privada quanto pública, para que seja um processo terapêutico mais eficaz, ético e completo.
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– Luiza: Que profissional já contribuiu com você e os seus clientes?
– Gardênia: Eu já trabalhei tanto na rede pública, quanto na privada, e tinha esse contato direto com uma equipe multiprofissional: Assistente social, Terapeuta Ocupacional, Fonoaudiólogos, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Psiquiatras, Enfermeiros. Esse tipo de experiência nos faz enxergar muito além do cenário colocado na nossa frente. Hoje, no consultório particular, eu consigo fazer esse movimento de identificar certas demandas que a minha qualificação não dá conta e que se faz necessário encaminhar e trabalhar em conjunto.
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– Luiza: Para encerrar, Gardênia, qual é a principal mensagem deste episódio que você gostaria que as pessoas se lembrem?
– Gardênia: Falar sobre o que a gente sente não é um capricho, é uma necessidade. O caminho para a prevenção é enfrentando nossas sombras, falando sobre elas, buscando e aceitando ajuda. E claro, procurar sempre um profissional qualificado para isso. Prevenção se faz todos os dias.
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– Luiza: Gardênia, muito obrigada por participar do episódio dois do podcast “Ansiedade em foco”. Como as pessoas podem te encontrar na internet?
– Gardênia: Vocês me encontram no @psigardenia no Instagram e também podem visitar meu site gardeniapereira.com.
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Psi, espero que tenha gostado de conhecer a Gardênia e como reduzir a ansiedade para aumentar a vontade de viver. Compartilhe este episódio com uma amiga psi para ajudarmos mais pessoas a reduzir a ansiedade para viver com tranquilidade.
Nos reencontramos na quarta-feira que vem, às 13h de Brasília, para o episódio “Coração” com a psicóloga Gabriela Resende Lopes (CRP 04/49264)!
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Luiza Aguiar Soares (CRP 04/65266)
Texto publicado em 10/09/2024