Olá! Eu sou a psicóloga Luiza Aguiar e este é o podcast “Ansiedade em foco”. Semanalmente eu e um convidado informamos você, psicóloga clínica, que deseja aprender como a ansiedade pode ser tratada por diferentes profissionais da saúde, de maneira individual ou colaborativa.
O foco deste episódio é você, psicóloga clínica que também pode se sentir ansiosa. A convidada é a psicóloga Ravena Costa.
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– Luiza: Ravena, você pode contar para as psicólogas ouvintes um pouco mais sobre você e o seu trabalho?
– Ravena: Olá! Me chamo Ravena Costa. Sou psicóloga especialista em ansiedade. Tenho como missão ajudá-la a viver uma vida transformadora, com liberdade emocional para construir uma história com propósito e prosperidade.
Já transformei centenas de pessoas ao longo da minha carreira. As experiências e práticas adotadas na qualidade de psicóloga clínica me trouxeram um vasto entendimento. Sou formada em Psicologia há 5 anos, me especializei em ansiedade e, atualmente, estou me aprofundando em marketing digital e desenvolvimento humano. Também sou palestrante, consultora, mentora, supervisora de psicólogos e atuei como docente. Criadora do método CSA (Chega de Sofrer de Ansiedade).
O universo da psicologia clínica é a paixão que encontrei. Hoje, ajudo diariamente outros psicólogos inconformados que querem viver bem da psicologia clínica. Esse é o meu propósito de vida: desenvolver pessoas para que também encontrem o seu propósito, alcancem o seu potencial máximo e por conseguinte, tenham uma vida próspera e abundante.
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– Luiza: Você pode contar como você identifica a ansiedade nos seus clientes?
– Ravena: Eu começo a avaliar desde o primeiro contato, quando o paciente entra em contato e expõe o motivo da busca por ajuda. Nessa proposta de valor, já costumo fazer perguntas bem direcionadas para entender a queixa dele de maneira mais profunda.
Frequentemente, o paciente já menciona o problema da ansiedade diretamente, mas, mesmo que não o verbalize, consigo observar certos sinais através da forma como ele descreve suas dificuldades. Em muitos casos, surgem relatos sobre preocupações excessivas, insônia, sensação de falta de controle ou outros comportamentos que indicam uma possível presença de ansiedade.
Nas primeiras sessões, mergulho mais fundo: aplico avaliações que ajudam a identificar os sintomas e a intensidade do quadro de ansiedade. Utilizo questionários, escalas específicas e uma análise clínica da narrativa do paciente para entender como a ansiedade está afetando as diversas áreas da vida dele — pessoal, profissional, social e até na saúde física.
Esse processo inicial é muito importante para construir uma abordagem de tratamento que seja realmente adequada para aquele cliente, focando nos aspectos da vida dele que a ansiedade mais está impactando.
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– Luiza: Quais são os principais desafios que despertam ansiedade nas psicólogas?
– Ravena: Luiza, falando sobre os principais desafios que despertam ansiedade para os psicólogos, vejo que eles podem ser divididos em duas grandes áreas: a prática clínica e a gestão do consultório.
Na prática clínica, confesso que nunca senti muita ansiedade quanto ao atendimento em si. Sempre me senti segura com a técnica que aplico e confio bastante nos resultados que ela pode proporcionar para os pacientes. Quando enfrento algum caso que parece mais desafiador, recorro à supervisão para encontrar novos ângulos e estratégias de abordagem. Esse apoio é fundamental para garantir que eu sempre tenha ferramentas e segurança para lidar com as demandas de cada cliente.
Agora, os desafios administrativos e burocráticos são uma área que costuma despertar mais ansiedade. Estabelecer e alcançar metas financeiras ousadas, por exemplo, pode ser desgastante pois o faturamento no consultório é muitas vezes imprevisível. Um paciente pode estar comprometido hoje, mas amanhã encerrar as sessões – o que gera uma incerteza constante.
Portanto, o que gera ansiedade para mim, de fato, não é tanto a execução da prática clínica, mas o gerenciamento da estrutura que permite que essa prática exista.
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– Luiza: Você pode contar um pouco sobre uma supervisão clínica que te marcou?
– Ravena: Olha, todos os casos que supervisionei foram importantes, cada um com seu valor único. Mas, se eu pudesse destacar o que eu realmente ensino, é algo que eu aplico na minha própria prática: não seja um psicólogo comum. Não siga a manada; descubra qual é o seu diferencial. Esse é o ponto que, acredito, faz toda a diferença no nosso trabalho e no nosso desenvolvimento.
Na supervisão, o meu foco é justamente ajudar cada psicólogo a construir essa autenticidade profissional, desde o primeiro contato com o paciente até o fechamento da alta terapêutica. Dentro da terapia cognitivo-comportamental, eu oriento sobre o que fazer em cada etapa do processo, porque sei o quanto uma postura diferenciada impacta não só na qualidade do atendimento, mas também na própria segurança do profissional.
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– Luiza: Existem mitos das psicólogas que você gostaria de esclarecer?
– Ravena: Luiza, acredito que é essencial desconstruirmos alguns mitos sobre a psicologia. Como Carl Jung disse, “ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. Essa frase nos lembra que psicólogos também são pessoas, com emoções e limitações próprias, e que o trabalho terapêutico acontece por meio dessa conexão humana genuína.
Primeiro, sobre o mito de que psicólogos não devem se emocionar na sessão, acredito que isso reflete uma visão ultrapassada. Eu, particularmente, não sou uma profissional que age como uma “estátua”. Tenho minha personalidade e considero importante acompanhar as emoções e os movimentos dos meus pacientes. Já tive momentos em que me emocionei, como ao chorar junto com uma paciente que vivenciou uma conquista importante. Essa reação autêntica, desde que seja bem administrada, ajuda a fortalecer o vínculo e a construir uma relação de confiança mútua.
Sobre a ideia de que psicólogos não podem adoecer mentalmente, também é um mito que precisa ser desfeito. Nós, psicólogos, somos humanos e, portanto, estamos sujeitos a momentos de vulnerabilidade, assim como qualquer outra pessoa. A diferença é que, por termos o conhecimento e os recursos técnicos, sabemos identificar os sinais de um possível adoecimento e temos mecanismos de cuidado que podem nos ajudar a evitar situações extremas. Mas, se por acaso chegarmos a um ponto crítico, isso não nos torna menos profissionais. Procurar ajuda também é uma forma de mostrar que valorizamos a saúde mental e entendemos sua importância.
E quanto ao mito de que psicólogos que tratam da ansiedade não podem sentir ansiedade, isso é uma ilusão. Sentimos ansiedade sim e isso é perfeitamente natural. A diferença é que, por termos as técnicas e o conhecimento, aprendemos a lidar com ela de forma mais eficaz. É como o exemplo de um profissional de educação física: ele conhece o caminho para o condicionamento físico ideal, mas isso não significa que ele seja obrigado a ter um corpo perfeito.
A verdade é que somos modelos de autoconhecimento e autocuidado, não de perfeição.
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– Luiza: O que você acredita que as psicólogas podem fazer para reduzir a própria ansiedade?
– Ravena: Luiza, ter o conhecimento técnico nos permite identificar os sinais e criar estratégias para gerenciar esses momentos. Por exemplo, aplicamos técnicas de respiração, de relaxamento e, especialmente, de reestruturação cognitiva que ajudam a modificar pensamentos e comportamentos que podem aumentar a ansiedade. Essa prática consciente e informada nos dá recursos que facilitam o manejo da ansiedade no dia a dia.
No entanto, quando a ansiedade chega ao nível de um transtorno, acredito ser essencial buscar acompanhamento profissional. Assim como incentivamos nossos pacientes a buscarem ajuda, também devemos procurar esse suporte, se necessário. Afinal, como psicólogas, reconhecemos que a saúde mental é fundamental para o nosso bem-estar e para podermos cuidar bem dos outros.
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– Luiza: Ravena, qual é a principal mensagem que você deixa para as psicólogas ouvintes?
– Ravena: A mensagem que quero deixar para vocês, psicólogos, é que o nosso trabalho é muito mais sobre nós mesmos do que às vezes imaginamos. É comum cairmos em uma espiral de auto-cobrança e auto-julgamento, sempre achando que nunca estamos prontos o suficiente ou que poderíamos ter feito mais. Porém, é importante distinguir o “suficiente para começar” daquele perfeccionismo que nos impede de dar o primeiro passo.
Cada um de nós carrega crenças que podem limitar o nosso trabalho. Meu conselho é que você dedique um tempo para reconhecer essas crenças. Pegue papel e caneta e liste as que sente que mais limitam seu crescimento. Avalie cada uma, questione se ela representa um fato real ou apenas uma interpretação negativa. Por exemplo, pensamentos como “eu não dou conta”, “não tenho conteúdo suficiente” ou “o paciente não gostou da minha sessão” são reflexões que precisamos olhar com cuidado.
Outro ponto importante é identificar os elementos tóxicos que te impedem de progredir. Comparação é um grande vilão, pois alimenta a ansiedade e nos faz sentir sempre em falta, o que acaba desmotivando e, muitas vezes, nos leva a assumir excessivamente a culpa e a responsabilidade. O perfeccionismo, a autocrítica e o autojulgamento também são fatores que precisam ser trabalhados.
Por fim, não se afaste da possibilidade de errar. O erro faz parte do processo e é com ele que aprendemos. Identifique e valorize os seus valores, pois eles serão o seu guia, mesmo nas dificuldades.
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– Luiza: Muito obrigada por participar do episódio nove do podcast “Ansiedade em foco”. Como as psicólogas podem te encontrar na internet, Ravena?
– Ravena: @ravenacostapsicologa.
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Psi, espero que tenha gostado de conhecer a Ravena e aprender como você, como psicóloga, pode reduzir a própria ansiedade.
Compartilhe este episódio com uma amiga psi para ajudarmos mais pessoas a reduzirem a ansiedade para viverem com tranquilidade.
Nos reencontramos na quarta-feira que vem, às 13h de Brasília, para o episódio “Riso” com a psicóloga Letícia Reis (CRP 04/58032).
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Luiza Aguiar Soares
Psicóloga | CRP 04/65266
Texto publicado em 29/10/2024