Ir para o conteúdo
  • Sobre mim
  • Abordagem
  • Serviços
  • Produtos
  • Depoimentos
  • Blog
  • Contatos
Menu
  • Sobre mim
  • Abordagem
  • Serviços
  • Produtos
  • Depoimentos
  • Blog
  • Contatos
Agendar
Facebook
WhatsApp

Ansiedade em foco: Racismo

Olá! Eu sou a psicóloga Luiza Aguiar e este é o episódio número doze do podcast “Ansiedade em foco”.

Semanalmente eu e um convidado informamos você, psicóloga clínica, que deseja aprender como a ansiedade pode ser tratada por diferentes profissionais da saúde, de maneira individual ou colaborativa.

Como o dia 20 de novembro foi o Dia da Consciência Negra, o foco deste episódio será o racismo vivido pelas pessoas negras. A convidada de hoje é a Psicóloga Karina Sousa (CRP 04/72904).

.


.

– Luiza: Karina, conte para as psicólogas ouvintes um pouco mais sobre você e o seu trabalho!

– Karina: Olá, pessoal! Sou Karina Sousa, psicóloga pela PUC Minas – São Gabriel. Ao longo da graduação me envolvi bastante com a carreira acadêmica; fui monitora e bolsista de iniciação científica. Atualmente trabalho como psicanalista clínica, faço parte do Coletivo Ocupação Psicanalítica e desenvolvo trabalhos de pesquisa independente. A pesquisa de iniciação científica, na graduação, foi orientada pela profa. Mara Marçal e o projeto intitulado “O que será o amanhã? Um estudo sobre a mutação nas formas de trabalho de carroceiros de Belo Horizonte após a proibição da utilização da tração animal”, recebeu menção honrosa no 30° Seminário de Iniciação Científica, Tecnologia e Inovação realizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação da Universidade. Além disso, minha pesquisa de monografia “Mulheres negras e o racismo genderizado nos processos de subjetivação”, orientada pela profa. Maria Madalena Assunção, recebeu o prêmio de Melhor Trabalho de Conclusão de Curso. Esse tema de pesquisa surgiu logo no primeiro período do curso e foi um resgate simbólico da minha própria história. Eu queria entender os processos subjetivos de mulheres negras que, em geral, tem pouca ou nenhuma informação sobre suas próprias histórias, de seus ancestrais, sua família… Foi realmente um trabalho muito significativo!

.

– Luiza: Você pode contar para as psicólogas ouvintes como as pessoas negras relatam a ansiedade e como você a identifica nelas?

– Karina: Acho que um ponto de partida é estar ciente de que muitas vezes essa ansiedade pode se manifestar como uma proteção prévia, principalmente quando pensamos em traumas raciais. Ou seja, a pessoa negra se “organiza” já prevendo possíveis situações traumáticas que pode vivenciar nos mais diversos espaços. Por si só isso já é um efeito do racismo e coloca a pessoa negra num constante estado de alerta. É preciso ter em mente que isso nem sempre é percebido pelo sujeito que chega na clínica. Por vezes é um comportamento já tão “corriqueiro” que se torna normal para quem experiencia. Penso que, como psicóloga, o trabalho é perceber as situações em que esse comportamento aparece com frequência e estar junto com essas pessoas num caminho de nomear e, processualmente, elaborar essas vivências.

.

– Luiza: Quais são os principais desafios que as pessoas negras têm? E você, como psicóloga que pesquisa sobre o racismo?

– Karina: Não posso falar por todas as pessoas negras. Acredito que esse já seja um desafio – o de se entender enquanto uma comunidade/população que é coletiva, mas que também tem suas experiências individuais. Há os desafios que são comuns a uma parcela significativa da população negra como o racismo em ambientes de trabalho, o descrédito, a violência institucional… É preciso entender no 1 a 1.

Na minha experiência, um desafio significativo tem sido o de ocupar esses espaços que, historicamente, não nos são destinados. A academia, a clínica, a pós-graduação… Pesquisar sobre temáticas raciais, estando numa universidade majoritariamente branca, sendo uma aluna negra bolsista, tem um impacto significativo inclusive emocional. Eu vivenciei o racismo dentro da universidade e ao mesmo tempo estava pesquisando sobre os impactos dele na vivência de minhas entrevistadas, o que me levou a repensar a minha própria vivência e, inclusive, me emocionar várias vezes durante a escrita do TCC.

.

– Luiza: Como você enfrenta os seus desafios profissionais, Karina?

– Karina: Tenho recorrido aos grupos. O trabalho na clínica de psicologia é essencialmente solitário. Ficamos ali nós e nossos pacientes, seja numa sala ou no atendimento online. Tenho encontrado nos grupos a possibilidade de “desaguar”. Nos grupos de supervisão, de intervisão (trocas com os pares), grupos de estudos, lugares de troca com outras psicólogas em que podemos pensar teoria, prática e desafios cotidianos. Logo que me formei me juntei a uma colega psicóloga, Ana Luísa Melo, e desde então temos conduzido um grupo de intervisão com outras psicólogas, sobretudo bolsistas, em que discutimos casos clínicos e conversamos sobre os desafios da clínica. Para além disso, análise pessoal, supervisão e o apoio das relações também tem tido uma importância significativa no enfrentamento desses desafios.

.

– Luiza: Você pode contar um pouco sobre um atendimento que fez e que te marcou?

– Karina: Acredito que tenha sido a primeira vez que um caso de racismo apareceu no setting. Ao final do atendimento precisei chorar um pouco e discutir o caso com outras psicólogas negras. A gente sabe que é importante ter um certo distanciamento, principalmente porque o espaço ali é para o paciente, não para nossas histórias pessoais. Uma violência racial, especialmente no começo da carreira, como psicólogas recém-formadas, pode nos atravessar também. E daí a importância da nossa terapia pessoal, supervisão e os grupos!

.

– Luiza: Existem mitos sobre o racismo que você gostaria de esclarecer?

– Karina: Um mito que vejo sendo muito difundido entre nós, psicólogas, ainda que implicitamente, é de que nós saímos da graduação preparadas para atender a população negra. Considero esse um grande mito e uma fantasia que muitas pessoas têm, como se não houvesse diferença, muito calcado no discurso de “não vejo cor”. A realidade é que a maioria das pessoas vai sair quase que completamente despreparado para lidar com esse público, seja na clínica ou em outros espaços, porque os currículos dos cursos de psicologia contemplam pouco ou quase nada do tema, sobretudo em disciplinas clínicas. Eu também acho importante desmistificar a ideia de que um paciente negro, na clínica, terá como única questão ou demanda o racismo. Pessoas negras são múltiplas, são complexas e subjetivas como qualquer outro público e reduzí-las apenas ao racismo é também desumanizar essas subjetividades. É racismo.

.

– Luiza: Como as psicólogas ouvintes podem ajudar as pessoas negras a reduzirem a ansiedade?

– Karina: Acredito que o primeiro caminho é se implicar no estudo teórico das relações étnico-raciais no contexto brasileiro, entender a dinâmica social em que estamos inseridos. Isso é o básico. É ainda de suma importância compreender sua própria posição na sociedade: quem é você? De onde você veio? De que lugar você fala? Onde você se localiza na estrutura do racismo? É um processo que demanda muito empenho e, sobretudo, honestidade para admitir inclusive o próprio racismo. Se você não consegue lidar com a sua própria identidade racial e o seu racismo, dificilmente vai estar apto a escutar isso na clínica. Ouvir uma pessoa negra, sobretudo, suas ansiedades, exige uma sensibilidade que só pode ser adquirida através de uma implicação muito honesta. É colocar o corpo para jogo e mergulhar nessas questões.

.

– Luiza: Você acredita que diferentes profissionais de saúde podem contribuir com a redução da ansiedade?

– Karina: Com toda certeza, o trabalho em rede é fundamental. Seja com psiquiatra, agentes da comunidade, o CAPS, CERSAM do território… O nosso saber como psicólogas tem um limite e precisamos ter isso em mente, unir forças com outros profissionais, pensando nesse cuidado com cada paciente.

.

– Luiza: Que profissional já contribuiu com você e os seus clientes?

– Karina: Atualmente, na minha clínica, eu recebo muito apoio de outros psicólogos – supervisores, pares em discussões de caso e etc. Eu também já fiz trabalhos em conjunto com psiquiatras, especialmente em casos que demandam intervenção de medicação.

.

– Luiza: Karina, qual é a principal mensagem que você deixa para as psicólogas ouvintes?

– Karina: Se impliquem! Assumam suas posições diante da realidade racial do nosso país e se empenhem em construir um percurso ético no atendimento das demandas da população negra. Além de necessário, já que vivemos num país absolutamente racializado, é também muito engrandecedor.

.

– Luiza: Muito obrigada por participar do episódio dez do podcast “Ansiedade em foco”. Como as psicólogas podem te encontrar na internet, Karina?

– Karina: Obrigada pelo convite, Luiza! Agradeço sua escuta e das ouvintes! Estou no @akasousan produzindo conteúdos diversos sobre psicanálise e escrita. Vocês me encontram também no Linkedin buscando por Karina Sousa. Para atendimentos clínicos, o link está na bio do Instagram. Caso as ouvintes desejem continuar essa conversa, não se acanhem, me procurem no instagram! Um abraço!

.


.

Psi, espero que você tenha gostado de conhecer a Karina e aprender qual é a relação entre racismo e ansiedade.

Compartilhe este episódio com uma amiga psi para que possamos ajudar mais pessoas a reduzirem a ansiedade para viverem com tranquilidades.

Nos reencontramos na sexta-feira que vem, dia 29 de novembro, às 19h de Brasília, para o episódio “Psi, você sabe como a ansiedade impacta a saúde mental dos homens?” com o psicólogo Leandro Flávio Machado de Lima (CRP 04/60834).

Escute o podcast no YouTube, Instagram ou Facebook!

.

Luiza Aguiar Soares

Psicóloga | CRP 04/65266

Texto publicado em 27/11/2024

Entre em contato
PrevAnteriorAnsiedade em foco: Homens
Entre em contato

Sua mensagem será respondida em breve!

  • Luiza Aguiar
  • @psiluizaaguiar
  • @psiluizaaguiar
  • (31) 99118-1825
  • psi.luiza.aguiar@gmail.com
  • Psicóloga Luiza Aguiar
  • Serão divulgadas as iniciais do seu nome.
Psicóloga Luiza Aguiar © 2025 – Todos os Direitos Reservados
Desenvolvido por: Studio • Luiza Fecker