Olá! Eu sou a psicóloga Luiza Aguiar e este é o podcast “Ansiedade em foco”. Semanalmente eu e um convidado informamos você, psicóloga clínica, que deseja aprender como a ansiedade pode ser tratada por diferentes profissionais da saúde, de maneira individual ou colaborativa.
Como no dia 11 de outubro foi comemorado o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, eu convidei a psicóloga Luciane Fernandes (CRP 04/59181) para informar sobre o tratamento da ansiedade como uma das estratégias de prevenção da obesidade.
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– Luiza: Luciane, você pode contar para nós um pouco sobre você e o seu trabalho?
– Luciane: Olá! Sou Luciane Fernandes, psicóloga especialista em emagrecimento e cirurgia bariátrica. Me formei em 2020 e, além da formação, minha experiência pessoal como paciente bariátrica me permite oferecer um suporte mais empático e acolhedor.
Atendo pessoas que estão considerando a cirurgia, aquelas que já passaram pelo procedimento e precisam de apoio emocional, além de quem busca emagrecimento saudável ou lida com questões relacionadas aos comportamento alimentares. Meu objetivo é ajudar os pacientes a desenvolverem uma nova relação com a comida e a lidarem com os desafios emocionais dessa jornada.
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– Luiza: Você pode contar como você identifica a ansiedade nos seus clientes?
– Luciane: Identificar a ansiedade nos meus pacientes envolve uma escuta atenta e um diálogo aberto. Muitas vezes, os sintomas incluem preocupação constante, inquietação e medos relacionados ao emagrecimento. Eles também descrevem manifestações físicas, como palpitações e dificuldade para dormir.
Um ponto importante que discutimos é que pode ser difícil identificar se a obesidade causa a ansiedade ou se a ansiedade agrava a obesidade. Essa inter-relação é complexa e entender essas dinâmicas é fundamental para o tratamento. Criar um espaço seguro permite que eles compartilhem suas experiências e explorem as raízes emocionais da ansiedade, ajudando a trabalhar tanto a saúde mental quanto o emagrecimento.
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– Luiza: Quais são os principais desafios que você tem no seu trabalho quando se trata de queixas de ansiedade?
– Luciane: Os principais desafios que enfrento com queixas de ansiedade incluem a resistência de alguns pacientes em reconhecer a gravidade de seus sintomas e a dificuldade de expressar como isso afeta suas vidas. Muitas vezes, a ansiedade está ligada a questões emocionais complexas, tornando o tratamento desafiador.
A comunicação com outros profissionais, como nutricionistas e médicos, também é fundamental, mas pode ser complicada. É essencial que todos estejam alinhados para garantir um tratamento eficaz, especialmente quando obesidade e ansiedade se interligam. Criar um ambiente de confiança e colaboração é a chave para superar esses desafios.
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– Luiza: Você pode contar um pouco sobre um atendimento que te marcou?
– Luciane: Na verdade todos os atendimentos me marcam de alguma forma, mas posso compartilhar que a convivência com a obesidade e a minha experiência pessoal com a cirurgia bariátrica, realizada há 14 anos, trazem à tona feridas abertas que são renovadas a cada paciente que atendo.
Cada história de luta e superação ressoa em mim, pois me lembro das minhas próprias batalhas. Essa conexão me motiva a querer ajudar ainda mais. Sinto uma responsabilidade e um desejo profundo de oferecer apoio emocional e psicológico a essas pessoas que muitas vezes enfrentam não apenas os desafios físicos, mas também o preconceito e a ansiedade.
Ver o progresso dos meus pacientes e saber que posso ser parte da jornada deles é extremamente gratificante. É essa relação de empatia e compreensão que fortalece meu compromisso em ajudá-los a superar suas dificuldades e encontrar um caminho de autoconhecimento e transformação.
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– Luiza: Existem mitos comuns sobre a obesidade que você gostaria de esclarecer?
– Luciane: Sim, existem muitos mitos comuns sobre a obesidade que precisam ser esclarecidos. Um deles é a crença de que a obesidade tem cura; na verdade, trata-se de uma condição crônica que exige cuidados contínuos e uma abordagem integral.
Outro mito é a ideia de que a obesidade é “coisa de gente preguiçosa”, o que perpetua estigmas e desconsidera fatores como genética, ambiente e questões emocionais.
Além disso, muitos acreditam que, para acabar com a obesidade, basta “fechar a boca”, mas isso ignora a necessidade de uma alimentação equilibrada. A mudança de hábitos e a inclusão de atividades físicas também são essenciais para o sucesso a longo prazo.
O preconceito muitas vezes começa em casa. Quando a família estigmatiza a obesidade, potencializa a ansiedade e um dos efeitos é a compulsão alimentar. A falta de compreensão e apoio familiar pode levar a sentimentos de vergonha e isolamento, tornando a jornada de emagrecimento ainda mais difícil. Promover um ambiente acolhedor e de aceitação é fundamental para apoiar quem enfrenta essas dificuldades.
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– Luiza: Você acredita que diferentes profissionais de saúde podem contribuir com a redução da ansiedade?
– Luciane: Sim, acredito firmemente que a colaboração entre diferentes profissionais de saúde é essencial para a redução da ansiedade. Cada especialista traz uma perspectiva única e ferramentas específicas que podem ser extremamente benéficas para o paciente.
Por exemplo, psicólogos e psiquiatras podem abordar a ansiedade de forma terapêutica, trabalhando questões emocionais e comportamentais. Nutricionistas podem ajudar a identificar a relação entre alimentação e estado emocional, promovendo uma dieta equilibrada que favoreça o bem-estar. Fisioterapeutas e educadores físicos podem auxiliar na inclusão de atividades físicas, que são comprovadamente eficazes na redução da ansiedade.
Quando esses profissionais trabalham juntos, podemos oferecer uma abordagem integrada e multimodal, que leva em consideração todos os aspectos da saúde do paciente. Isso não apenas ajuda a reduzir a ansiedade, mas também promove um estilo de vida mais saudável e equilibrado.
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– Luiza: Que profissional já contribuiu com você e os seus clientes?
– Luciane: Vários profissionais contribuíram de maneira significativa tanto para minha formação quanto para o tratamento dos meus pacientes. Um exemplo é a nutrição; nutricionistas com quem colaborei ajudaram meus pacientes a entender a relação entre alimentação e emoções. Essa parceria é fundamental, especialmente no contexto da obesidade, onde a alimentação muitas vezes está ligada a questões emocionais e comportamentais.
Além disso, já trabalhei com psiquiatras que ofereceram apoio no gerenciamento de medicações para aqueles que também lidam com transtornos de ansiedade ou depressão. Essa colaboração garante que meus pacientes recebam um tratamento abrangente, considerando tanto os aspectos psicológicos quanto os médicos de suas condições.
Essas interações enriquecem minha prática e demonstram como a atuação conjunta de diferentes profissionais pode trazer melhores resultados para os pacientes, promovendo um caminho mais integrado e eficaz em sua jornada de autoconhecimento e transformação. No caso específico dos meus pacientes cirúrgicos, posso contar com alguns cirurgiões que fazem questão de acompanhar os pacientes de perto e abrem espaço para discussão das intervenções.
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– Luiza: Luciane, qual é a principal mensagem deste episódio que você gostaria que as psicólogas ouvintes se lembrem?
– Luciane: A obesidade por si só é um fator desencadeante de ansiedade, principalmente devido ao preconceito e estigma que muitas vezes a acompanham. Quem vive essa realidade enfrenta um sofrimento profundo e merece respeito e dignidade em todos os aspectos.
É fundamental reconhecer que essas pessoas têm direito ao tratamento adequado, que deve ser oferecido antes de qualquer julgamento. O suporte psicológico é essencial para ajudá-las a lidar com as emoções, os desafios diários e a construção de uma autoimagem positiva.
Precisamos trabalhar para desmistificar a obesidade e promover um ambiente acolhedor e empático, onde todos se sintam valorizados e apoiados em sua jornada de transformação. Somente assim poderemos contribuir de forma significativa para a saúde mental e emocional de quem convive com essa doença.
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– Luiza: Muito obrigada por participar do episódio sete do podcast “Ansiedade em foco”. Como as pessoas podem te encontrar na internet, Luciane?
– Luciane: Meu Instagram é @lucianefernandespsic e o site é www.lufernandespsi.com.br.
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Psi, espero que tenha gostado de conhecer psicóloga Luciane e aprender a importância do tratamento da ansiedade como uma das estratégias de prevenção da obesidade.
Compartilhe este episódio com uma amiga psi para ajudarmos mais pessoas a reduzirem a ansiedade para viverem com tranquilidade.
Nos reencontramos na quarta-feira que vem, às 13h de Brasília, para o episódio “Remédios” com o psiquiatra Murilo S. Alves (RQE 8494).
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Luiza Aguiar Soares
Psicóloga | CRP 04/65266
Texto publicado em 16/10/2024