Olá! Eu sou a psicóloga Luiza Aguiar e este é o podcast “Ansiedade em foco”. Semanalmente eu e um convidado informamos você, psicóloga clínica, que deseja aprender como a ansiedade pode ser tratada por diferentes profissionais da saúde, de maneira individual ou colaborativa.
Como no dia 10 de outubro será comemorado o Dia Mundial da Saúde Mental, eu convidei o psiquiatra Murilo S. Alves para informar sobre a importância do tratamento da ansiedade como uma das estratégias de prevenção da obesidade.
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– Luiza: Murilo, você pode contar para nós um pouco sobre você e o seu trabalho?
– Murilo: Claro. Eu me formei em medicina pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande. Frequentei o programa de Residência Médica em Psiquiatria da SESAU/Fiocruz, e atualmente realizo atendimentos ambulatoriais, tendo como foco a saúde mental e a qualidade de vida dos pacientes. Costumo trabalhar com enfoque nas neurociências, psicoeducação, psicofarmacologia e higiene farmacológica.
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– Luiza: Você pode contar como você identifica a ansiedade nos seus clientes?
– Murilo: Normalmente as pessoas que buscam atendimento relatam apreensão excessiva diante dos eventos cotidianos, associada ou nao à sensação de medo, que pode ser vaga ou direcionada a um objeto/situação específica. Muito comum contarem com preocupações constantes ou recorrentes, pensamentos catastróficos e/ou ruminativos, insônia e até mesmo sintomas físicos, que por vezes culminam em crises de ansiedade ou se manifestam com ataques de pânico.
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– Luiza: Quais são os principais desafios que você tem no seu trabalho quando se trata de queixas de ansiedade?
– Murilo: Acredito que boa parte da dificuldade, nesse sentido, envolve a desinformação. Os clientes costumam ter medo de tornarem-se dependentes, ou pensam no medicamento como um vilão que irá lhes roubar a personalidade e os sentimentos.
Existem ainda os que tomam a medicação por um período curto e cessam o uso por conta própria, por acreditarem estar bem. E por não respeitarem o tempo correto de manutenção, acabam tendo recitava dos sintomas, reforçando a crença de que foi viciado no fármaco.
Normalmente uma boa psicoeducação continuada, por parte do psicólogo, do médico assistente e demais profissionais, contorna bem essas dificuldades.
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– Luiza: Você pode contar um pouco sobre um atendimento que te marcou?
– Murilo: Sempre temos os atendimentos que marcam a gente. Há alguns anos precisei trabalhar bastante o vínculo com uma paciente, e o resultado foi muito positivo. Era um quadro de ansiedade refratária, e para tanto, foi necessário tomar algumas medidas mais enérgicas para o controle dos sintomas. Lembro que ela era muito resistente em relação à medicação, então abordei a necessidade de um novo esquema medicamentoso mais “agressivo”, já um pouco apreensivo pela resistência que poderia encontrar. Ela respondeu: “Está tudo bem dr. Pode ser sim, eu confio em você”.
Às vezes pode parecer um tanto quanto dramático da minha parte – e acho que sou assim em alguns momentos mesmo – mas certamente aquele atendimento me marcou bastante.
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– Luiza: Existem mitos comuns sobre a psiquiatria que você gostaria de esclarecer?
– Murilo: Muitos mitos. Talvez de toda a medicina a psiquiatra seja a mais repleta deles.
É extremamente comum o paciente ir primeiro ao neurologista, por acreditar que psiquiatra é “médico de louco”, ou que psiquiatra não é médico. Também é frequente o medo que as pessoas têm de se tornarem dependentes, por ouvirem dizer que todos os tratamentos viciam, causam apatia e sedação excessiva.
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– Luiza: Você acredita que diferentes profissionais de saúde podem contribuir com a redução da ansiedade?
– Murilo: Com absoluta certeza. Os transtornos mentais, de uma forma geral, são complexos e envolvem múltiplas causas. Também existem os fatores predisponentes, os desencadeantes e os perpetuadores da doença, e que devem ser abordados.
Existe a neuroinflamação, as desordens neuronais, das células da guia e da bioquímica cerebral, mas também existem os ambientes hostis, as dores emocionais, os traumas, os comportamentos aprendidos, que nem sempre nos tornam funcionais na nossa maneira de entender e reagir ao mundo, os hábitos de vida ruins, a ausência de rotina estruturada, as desordens nutricionais, carências vitaminosas, entre outras questões.
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– Luiza: Que profissional já contribuiu com você e os seus clientes?
– Murilo: Psicólogos, nutricionistas, endocrinologistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, professores, cuidadores, gestores e até mesmo advogados.
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– Luiza: Murilo, qual é a principal mensagem deste episódio que você gostaria que as psicólogas ouvintes se lembrem?
– Murilo: Gostaria que soubessem que, como vocês, existem profissionais de todas as áreas que anseiam por cuidar dos pacientes como um todo. Vejo hoje que muitos colegas da psicologia desejam trocar informações, e os profissionais costumam ficar em “pequenas ilhas”, sem comunicação entre as especialidades e áreas de atuação.
Então, lembrem-se de que as doenças não têm uma única causa ou uma única faceta, e que continuem acreditando na multidisciplinaridade.
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– Luiza: Muito obrigada por participar do podcast “Ansiedade em foco”. Como as pessoas podem te encontrar na internet, Murilo?
– Murilo: Basta me procurar no Instagram através do @dr.murilosalves, ou pelo telefone (67) 99667-9021.
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Psi, espero que tenha gostado de conhecer o psiquiatra Murilo e aprender quando remédios são necessários para o tratamento da ansiedade.
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Nos reencontramos na quarta-feira que vem, às 13h de Brasília, para o episódio “Psicóloga” com a psicóloga Ravena Costa (CRP 21/03700).
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Luiza Aguiar Soares
Psicóloga | CRP 04/65266
Texto publicado em 23/10/2024